O líder cristão é conhecido pela sua humildade. Principalmente porque liderar é um ato de serviço. Aquele que assume o paradigma de Cristo não pode seguir outro caminho senão o da humildade. Esse fator diferencia a liderança cristã da liderança secular. Para o líder secular, liderar está relacionado à sua função em meio ao grupo social. Por exemplo, enquanto são gerentes, supervisores são reverenciados e seguidos. Sua força mobilizadora não está no seu ser, mas no poder a ele imputado pelo grupo.
O líder espiritual é aquele que entende que o seu lugar não é no trono, mas no pó. Vou explicar. Servir é a essência da liderança que Cristo ensinou. Sendo ele Deus não quis usar essa prerrogativa para influenciar, pelo contrário se esvaziou a ponto de ser identificado como servo (cf. Filipenses, 2:6,7). A sua exaltação veio da sua submissão à vontade de Deus. O desejo do Pai era que seu filho pudesse servir ao mundo com a sua vida.
Devemos descer imediatamente de nossa posição se quisermos liderar como Cristo. Quem pensa estar liderando apenas por causa do seu título está enganado. Dentro de nossas igrejas existem pessoas completamente destituídas de autoridade. Elas são obedecidas por serem Pastores, Missionárias, Diretores, etc. e não pela pessoa que são. Nossa função não nos atribuí autoridade. Esta é alcançada pela integridade e o serviço. Sem isso receberemos um cargo que nos dá poder e não autoridade. Hunter (1) define poder como sendo “a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer”. Quem não possui autoridade age por meio da pressão (poder) que o seu cargo lhe dar.
Encontramos na bíblia homens que foram exaltados por causa de sua humildade em servir. João Batista é um exemplo desses homens. Foi ele que diante dos seus discípulos disse: “Convém que ele [Jesus] cresça e eu diminua” (João, 3:30). João havia recebido de Deus as instruções para o seu ministério, como “amigo do noivo” (cf. v. 29). Ele não podia usurpar o trono do Messias mesmo que seus discípulos cogitassem a possibilidade de ser ele o Messias (v. 28). Ele se guardou íntegro diante de Deus. Seu coração se conservou submisso. Em momento algum desejou o trono.
Podemos aprender muito de João. Precisamos reconhecer o nosso papel dentro do ministério de Cristo. Não fomos chamados para ser o Messias, mas para servi-lo. Deus nos vocacionou para estarmos aos pés do trono. Em nossas ações devemos estar cientes de que toda glória pertence ao Senhor. Em obediência a Deus estaremos aptos a influenciar com autoridade.
Quando estamos aos pés do trono nossas decisões como líder são diferentes. Tudo o que desejamos realizar não parte mais dos nossos desejos arbitrário, mas da vontade de Deus. Isso produz segurança naqueles que lideramos. Eles sabem quando estamos decidindo por Deus. É notório na vida de todo líder a dificuldade em inúmeras situações decidir por Deus. Em muitos momentos somos confrontados pelo sofrimento causado pela renúncia. Temos que escolher entre o caminho da fidelidade a Deus e do conforto próprio. São nesses momentos que aparece a oportunidade de evidenciar a integridade de servos.
Não só nas escolhas, mas tudo na vida do líder precisa ser uma encarnação de Cristo. Fomos chamados para continuar o seu ministério não como nós mesmos, mas como ele (João, 17:18). Somos cristãos. Mas especificamente, “líderes cristãos”. Portanto, devemos assumir o nosso lugar de servos. Assim, seremos dignos do epiteto de líder cristão.
REFERÊNCIAS
(1) HUNTER, James C. O monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
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