O desafio de recomeçar
Nessa vida estamos sujeitos a
sofrer com as atitudes do próximo. Um pai sofre pela rebeldia e agressividade
dos filhos, e vice-versa. Isso gera feridas que impedem que se viva a
verdadeira vida relacional.
Naquele que sofreu o desprezo
paterno, por exemplo, é comum notar a dificuldade de relacionamento com o seu
genitor na maturidade. Sentar à mesa com aquele que foi o autor do desprezo é
estar num mundo onde as imagens criadas com o tempo falam alto.
É na fase adulta que as faltas de
outrora vem à tona e se sente a necessidade de preencher a lacuna criada pelo
relacionamento quebrado. As pontas que deveriam andar juntas precisam ser unidas
pela necessidade de afeto.
Surge então o desafio de
recomeçar aquilo que foi obstruído com o tempo. Fazer isso exige muita energia
e paciência. Quanto mais tempo sem diálogo, mais difícil é quebrar a pedra que
se formou no meio do caminho.
Se somos a parte ferida é preciso
que tenhamos paciência com aquele que deseja recomeçar. A pessoa que feriu não
é um expert em relacionamento.
Apreender a se relacionar é uma habilidade que requer sensibilidade para
entender o outro, e isso é muito complicado. Nesse aprendizado muitas faltas
ainda ocorrerão, contudo é preciso que se olhe para o desejo de mudar naquele
que feriu.
O apóstolo Pedro é um exemplo de
alguém que precisou recomeçar (Mt. 26:69-75). Diante de Jesus ele se mostrou destemido,
desejando ir até as últimas consequências com Jesus. Todavia, quando foi
pressionado como seguidor de Cristo, ele o negou. O Mestre foi ferido pela
covardia. Mas, para Pedro, o perdão e a paciência de Jesus estavam à sua
disposição para que ele pudesse recomeçar.
Jesus nos ensina a dar a oportunidade
de recomeçar àqueles que nos feriram. Inclusive, setenta vezes sete. Perdoar é
também dar a chance de que o outro possa voltar a trás e começar de novo.
Quando damos a chance para o recomeço
estamos dispostos às tentativas falhas do outro. Perguntas como: “e se ele (ou
ela) voltar a errar?”, são comuns. É aí que percebemos que permitir que a
pessoa tente é um gesto de graça. E, porque não, de amor. Pois, o amor tudo
sofre (1 Co. 13:4).
Nunca conseguiremos curar as
feridas dos nossos relacionamentos se exigirmos perfeição. Quem nunca errou
tentando acertar? Precisamos apoiar o desejo de acerto daquele que nos feriu.
O começo de uma nova relação
acontece com a ajuda de ambos os lados. A parte ferida precisa ter a graça de
Deus para permite que a parte que feriu percorra o caminho ondulante da
reconciliação. O que feriu precisa tentar, com a força do Espírito Santo, a
difícil tarefa da reconciliação.
Não é fácil mudar o que se
estabeleceu com o tempo. Mas a tentativa de modificar os erros com próximo é
fundamental para se viver a verdadeira vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário