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terça-feira, 13 de novembro de 2012

UMA VOLTA CONGREGACIONAL.

SAUDADES DE MIM MESMO

SAUDADES DE MIM MESMO
Por
Antônio Pereira Júnior
Revendo alguns vídeos do musical “A Arca de Noé”, dá década de 80, período de minha infância na pequena cidade de Esperança, na Paraíba, me sobreveio um sentimento nostálgico de um tempo que não volta mais.  Naquela época as músicas pras crianças eram mais inocentes, mas belas, mas edificantes.
Saudades de uma infância sem drogas, onde se podia brincar nas ruas empoeiradas. Onde se podia sair sem medo de ser assaltado, atropelado, violentado. Onde se podia, de fato, ser criança.
Naquela época não se brincava de computador, e sim, se bola, de pião, de “enfinca”, enfim, brincadeiras que a maioria das crianças de hoje nunca ouviram falar.
Senti saudades de mim mesmo.
Das brincadeiras infantis, dos velhos amigos, da escola, das professoras, da merenda. Ah! Que saudades da merenda. Não dela em si. Mas por causa dela agente podia se reunir pra conversar, pra rir, pra viver.
Hoje tudo esta diferente. Cada um se fecha em seu casulo, em seu gueto particular. Em sua solidão existencial. Escravos de si mesmos.
Ah! Que saudades da minha infância. Sem preocupações de adultos, exceto uma: ser feliz.
Posição social, dinheiro, trabalho, família, feira, responsabilidades, isso era coisa de adulto. Isso não era nossa preocupação, só nos restava apenas sonhar.
Ninguém sabia o que seria, apenas o que era: criança.
Da escola sinto saudades do recreio – único momento que poderíamos ser que nós éramos. Das aulas? Não! Afinal, já esqueci praticamente tudo que estudei nesse período. O melhor aprendizado foi à própria infância. Não as aulas, mas a vida. Passar de ano era apenas um detalhe.
Só se sente saudades daquilo que realmente importa e que nos fizeram felizes, nem que seja por um breve tempo.
Que saudades de mim mesmo. De quem eu era.
Talvez por isso, escrevi há algum tempo a seguinte poesia:
MENINO MORTO
Hoje eu sonhei com um menino morto,
Tão lindo... tão inocente... tão triste,
Parecia dormindo, cálido, absorto,
Num mundo dele que não mais existe.
Hoje eu sonhei com um menino morto,
De uma bela infância que não volta mais,
Que vida linda... mas que sonho torto,
E que gente triste junto às catedrais.
Hoje eu sonhei com um menino morto,
Não vai mais brincar com outros na rua,
Como barco quebrado no cais do porto,
Uma vida ceifada, mais uma alma nua.
Hoje eu sonhei com um menino morto,
Não vai saber o que é amar... não vai,
Não há mais sonhos, é um ultimato,
Que como areia nos dedos, se esvai. 
Cheguei mais perto pra ver quem era,
No mundo de sonhos que se perdeu,
Contemplar na face sua última quimera,
Esse menino morto... meu Deus!... Era eu.



SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER

* O Pr. Antônio Pereira da Costa Júnior nasceu em Esperança – PB. Faz parte do quadro de ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. Palestrante e pesquisador na área de Apologética em geral. Técnico Agrícola pela UEPB e Bacharel em teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional).Fez um curso de Apologética pelo ICP (Instituto Cristão de Pesquisas). Especialista em Teologia e História pelo SPN (Seminário Presbiteriano do Norte – Recife – PE). Tecnólogo em Gestão Pública pela Faculdade Metodista de São Paulo.  


Contato: (81) 9251.4248 

E-mail: oapologista@yahoo.com.br

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