O “direito” do cristão à consciência política
Por Antonio Carlos Junior.
As
eleições municipais de 2012 se aproximam e, com elas, afloram em boa
parte da população alguma forma de participação política, mesmo que seja
apenas para dizer “todos são corruptos” e “não tem mais jeito”.
Nesse sentido, devemos ter cuidado com
as promessas de campanha, já que muitos prometem o que não podem
realizar, até mesmo por não serem os competentes pela Constituição. É
preciso, também, cuidado com a compra de votos: sacos de cimento, leito
em hospital ou qualquer outra coisa pessoal. O verdadeiro político não
cuida dos interesses particulares, mas de toda a população (res
publicae). Ao invés de lhe dar cimento ou conseguir leito para seu
parente que enfermou, será que o candidato tem propostas para a melhoria
dos programas de moradia e saúde para todos?!
Especificamente quanto aos evangélicos,
engana-se aquele que ainda acredita no “voto de cabresto” dentro das
igrejas, ou pelo menos da maioria delas. Imaginemos: se juntarmos as
cinco principais igrejas/denominações das cidades de médio porte, que,
sozinhas, possuem “voto” suficiente para eleger um candidato cada,
teríamos pelo menos cinco evangélicos em todas as Câmaras Municipais, o
que não acontece. Os membros, hoje, olham para o pastor como uma
“autoridade espiritual”, e não como aquele capaz de determinar todas as
atitudes do fiel.
E, para uma consciência política
efetiva, aconselho a todos os cristãos que leiam o Decálogo do Voto
Ético da AEVB (Associação Evangélica Brasileira), produzido durante as
eleições presidenciais de 1998. Sobre essa consciência, Paul Freston já
disse: “os evangélicos devem se envolver politicamente, não em nome de
suas igrejas ou instituições, mas em grupos de pessoas que pensam
politicamente de uma mesma forma, inspiradas pela sua compreensão da fé
cristã. Trata-se de um projeto que inclui a abertura para o diálogo e
para censuras proféticas”, que denunciem o Estado naquilo que contraria
os princípios divinos.
Assim, o cristão na política não pode se
restringir a ser um mero “despachante” das igrejas. Se comportando como
cristão verdadeiro, acabará por fazer transparecer seus valores éticos e
morais, na imensa maioria das vezes resultantes de sua fé. Mesmo
porque, ainda que o Evangelho se funde, essencialmente, em uma dimensão
espiritual, é certo que as “boas obras” (e aqui incluo a implantação de
“boas propostas políticas”) são um reflexo da salvação que temos,
exclusivamente, por meio de Jesus Cristo.
O político cristão, por isso, deve expor
sua “plataforma” sem “apelar” para o “sou seu irmão”, mas,
efetivamente, demonstrando suas intenções e projetos de forma clara e
transparente. Mas o problema é que, infelizmente, a maioria dos
candidatos, cristãos ou não, sequer possuem propostas para a melhoria da
cidade e da vida dos cidadãos!
Valorize sua liberdade de voto e não o negocie… sob pena de ficar mais quatro anos lamentando a situação de sua cidade.
***
Antonio Carlos da Rosa Silva Junior.
Bacharel em Direito, Especialista em Ciências Penais e em Direito e
Relações Familiares, Mestrando em Ciência da Religião, Presidente do
Projeto Desperta e Membro do Juristas de Cristo. Contato:
acarlos_juridico@yahoo.com.br. Fonte: Ultimato.
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