ONDE ESTAR O PODER

Os cristãos precisam de poder

Em nossos dias falar em poder pode nos dar o estereótipo de mais um daqueles que vivem a explorar a fé dos incautos. Entretanto, não podemos nos calar diante do fato de que o poder está ligado à vida de todo cristão. Não estou falando da ação objetiva de Deus pela qual somos usados como instrumentos como foi, por exemplo, na vida dos apóstolos, que receberam poderes para realizar prodígios e maravilhas. Falo da capacitação de Deus dada pelo Espírito para que avancemos em direção à semelhança de Cristo.

 

Essa última perspectiva não tem recebido o devido interesse de muitos de nós. O desânimo em buscar o poder que nos possa fazer vencer o pecado é algo tido como sendo de pouca importância. Não devia ser assim, pois o alvo de todos os santos é se desfazer de si, negar os impulsos para o mal contidos na alma, e se moldar a Cristo. Em nossos dias o engodo de que poder é apenas para operar milagres faz de muitos cristãos raquíticos em seu crescimento espiritual.

 

Gostaria de frisar, primeiramente, a importância do poder miraculoso de Deus. Ele tem o objetivo de glorificar a Deus, desde que seja operado por ele. Os sinais miraculosos não podem ser manipulados como têm querido muitos. Alguns líderes prometem milagre como se tivessem autoridade para tal. Milagre é um sinal especial operado por Deus que aponta para a sua glória. O fim último de toda ação de Deus que mude os rumos normais da vida é unicamente a sua glória. 

 

A capacitação de Deus para vencermos os nossos pecados é o poder que a igreja precisa para se tornar uma igreja gloriosa. Quando nossas almas se enchem da santidade de Deus que expulsa o prazer pelas coisas que não pertencem a sua glória, o mundo sabe que o céu está entre nós. Os cristãos receberam o Espírito Santo para que o pecado pudesse ser mortificado em seus corpos. Ele opera nos corações para que sejamos transformados à imagem de Deus, em cada aspecto da vida. 

 

Por isso, o apóstolo Paulo disse: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos, 8:28 NVI). O chamado de Deus na vida de todo cristão visa à transformação do homem natural, escravizado pelo pecado, em um homem cheio de amor para com Deus e para com os seus irmãos. Como bem afirmou Packer (1): “a essência da santidade é o amor”. Quando vivemos o amor de Cristo experimentaremos a santidade de Deus. Para que isso aconteça em nossas vidas é preciso que ajamos de acordo como o Espírito Santo que foi concedido por Deus a todo cristão. 

 

O Espírito nos enche de poder para não nos entregarmos à cobiça da carne. É na batalha entre a carne e o Espírito que podemos notar o quanto estamos, ou não, cheios do poder de Deus. Se a carne vence os desejos da nova mente sem dúvida nos falta poder. Infelizmente, não são poucos aqueles que vivem conosco que estão vazios do poder de Deus. Alguns se enganam achando que Deus vai fazê-los mais fortes instantaneamente em algum momento de suas vidas. Nessa vida o poder interior dado por Deus a todo cristão é aumentado com a dependência de Deus diante das lutas travadas no coração contra o pecado. 

 

Portanto, busquemos poder para as nossas almas. A igreja que brilha nas trevas desse mundo deve ser cheia de poder. Ela deve glorificar a Deus, pois já não vive para si, mas vive para o Senhor. Assim como foi com Cristo que não teve a sua vida por preciosa, mas a entregou em amor ao Pai a seus irmãos, a igreja do Senhor precisa de poder para amar como ele e vencer o pecado.

Referência:

(1) PACKER, J. I. A redescoberta da santidade. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.